sábado, 7 de setembro de 2013

O rio e a vida




Outro dia, lendo algum artigo bobo, uma frase me chamou a atenção: "Não apresse o rio. Ele corre sozinho." A princípio, apesar da simplicidade da frase, considerei muito coerente com a situação na qual me encontro. Escrevi bem grande e coloquei num painel negro que fica em frente a minha cama.

Dias depois de ler e reler aquela frase, pensei: realmente que não há como, naturalmente, apressar um rio. Mas quem disse que um rio corre numa velocidade só? Há trechos onde pode parecer que água é quase parada e outros onde há correntezas perigosas e corredeiras traiçoeiras. 

E conclui que o rio é como a nossa vida. Não há como apressá-la, nem como detê-la. Ela corre sozinha e, no seu curso, encontramos nossas correntezas e corredeiras.

Queria que a vida não fosse como o rio, na verdade. Sabemos que todo rio vai dar no mar e que todos nós somos seres imortais. Ou seja, sabemos o final da história... E não ter controle sobre seu curso não é uma ideia agradável. É uma opinião pessoal e muito, muito relacionada a um momento específico. Mas questiono onde está o nosso livre-arbítrio se não temos controle sobre o curso desse rio. Devemos apenas entrar e permitir que ele nos leve como quiser? 

Não. Definitivamente, não. Ou a minha conclusão está equivocada - a nossa vida não é como um rio - ou eu simplesmente me nego a navegá-lo, se não tenho nenhum controle.
Lysia Gouvêa

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